Pronome Relativo - Você falou o quê? - Parte I
Pronome Relativo - Você falou o quê? - Parte I
Por
Luciane Sartori
Como eu disse na semana passada, é muito interessante
como as estruturas linguísticas sempre trazem surpresas para as pessoas. Quando
falo que o pronome relativo "que" é o sujeito da oração, por exemplo,
sempre vejo muitos rostos espantados. Isso ainda fica pior no momento em que
digo que ele assume onze valores gramaticais diferentes - sem contar as funções
sintáticas que tal pronome pode assumir.
Vocês sabiam que, além de sujeito, ele também pode ser
objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito ou
do objeto, agente da passiva, adjunto adverbial ou adjunto adnominal? Acredito
que muitos de vocês já saibam isso, porém sempre é bom lembrar.
Saber classificá-lo, de fato, não é o mais importante. Contudo,
tal informação é bastante importante, pois somente assimilando essas
possibilidades é que a pessoa consegue entender por que, em alguns casos,
aparece preposição antes dele e, em outros casos, ela não aparece. E, claro, esse
conhecimento só fica completo, quando tal raciocínio é associado ao
reconhecimento de que o relativo assume o significado do termo antecedente na
frase em que é empregado.
Assim, em frases como estas: "Os novos produtos, que
são caros, foram vendidos rapidamente.", "Os contos e os romances de
Machado de Assis são obras por que tenho admiração." e outras, só será
fácil sabermos se a preposição deve ou não ser empregada, se reconhecermos o
significado do "que" nesse contexto e qual a sua função dentro da
oração em que foi empregado.
Vejamos o primeiro passo: saber para que serve esse
pronome. O relativo sempre substitui um nome na oração em que foi empregado a
fim de que se evite repetição deste último, como faz o pronome pessoal.
ü Ana
saiu. Ela foi ao cinema. -------> vejam como o pronome "ela"
substitui "Ana" na segunda oração, evitando sua repetição.
ü Os novos produtos, que
são caros, foram vendidos rapidamente. -----> o mesmo processo se deu
neste caso, já que o relativo "que" substituiu "os novos produtos"
na oração "...que são caros...".
Este segundo exemplo poderia ser reescrito assim: Os
novos produtos foram vendidos
rapidamente. Eles são caros.
Isso mostra como são semelhantes esses dois tipos de pronomes, mas não
idênticos. O relativo exige que o termo que ele substitui seja empregado antes
dele, para que ele possa manter relação
direta com esse termo, fazendo jus à sua classificação "relativo".
Vejamos, agora, o segundo passo: analisando dessa forma,
fica fácil entendermos como o relativo desempenha a função de sujeito, pois
basta agora transpor o termo substituído para a oração de que faz parte o
relativo. Ele equivale a "os novos
produtos" na oração "que
são caros", certo?, então seu raciocínio deve ser "os novos produtos são caros". Consequentemente,
podemos constatar que o pronome desempenha a função de sujeito nessa oração. Antes
dele, portanto, não poderia mesmo aparecer uma preposição, não é mesmo?
Sendo assim, por que, nesta frase " Os contos e os
romances de Machado de Assis são obras por
que tenho admiração.", o relativo é precedido de preposição?
Simples! Vamos desmembrar o período em suas duas orações:
Os contos e os romances de Machado de
Assis são obras.
Eu tenho admiração por elas (= pelas obras = pelas
quais = por que, como vimos em meu artigo anterior).
A preposição "por" só foi empregada antes do
relativo "que", porque a regência do substantivo "admiração"
a exigiu; afinal, quem tem admiração, tem admiração por "algo" ou
"alguém". Dessa maneira entendemos que, neste caso, o relativo tem a
função de complemento nominal.
Esse raciocínio não é difícil, é, pessoal? Na semana que
vem, em meu próximo artigo, falaremos sobre a oração em que o relativo aparece,
como diferenciá-lo da conjunção subordinativa integrante e, ainda, teremos umas
dicas de redação pertinentes ao emprego do "que" . Coisa que todo bom
concurseiro tem de saber!
Um forte abraço e boa semana.
LUCIANE SARTORI
Graduada em Letras e
Pós-Graduada em Metodologia de Ensino para Terceiro Grau. Professora
Especialista em Português – gramática, interpretação de textos, redação
discursiva e redação oficial. Revisora e redatora de textos há vinte e cinco
anos, tendo vinte anos de experiência na área de concursos. Atualmente, leciona
na Rede LFG, no Curso para Concurso, em Simulados na Web, no Curso Marcato, no
Sartori Virtual, no JC Concursos e no Curso Praetorium.
Autora participante do livro Vade
Mecum para Concursos Públicos: nível médio e superior sem formação em direito.
Luciane Sartori, Nélson Sartori e vários outros autores. / coordenação, Álvaro
de Azevedo e Júlia Meyer Fernandes Tavares.- São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2010.
Professora Luciane Sartori:
www.sartoriprofessores.com.br / www.sartorivirtual.com.br
Professora Luciane Sartori:
www.sartoriprofessores.com.br / www.sartorivirtual.com.br
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