Formação de quadrilha! Onde? Linkassimet_1: 3 Por Silvio Pélico

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Formação de quadrilha! Onde?

Tenho sonhado com vórtices, escuros vórtices, fendas enigmáticas. Também tenho sonhado com números:
- Cerca de 50 mil páginas;
- Cerca de 100 horas de julgamento (certamente o mais extenso na história  desse país);
- Quase 200 milhões de reais desviados;
- Quase 40 corruptos envolvidos (só faltou o Ali Babá).
Afetados pelos “quases” e “cercas”, milhões de brasileiros lamentam a decisão do Supremo Tribunal Federal (não apenas no tocante à formação de quadrilha).
Antes, alguns desses corruptos avacalharam a Câmara Federal dos Deputados; outros, o Senado. Sobrepondo-se a isso, parte deles (os já condenados) decidiram avacalhar também o presídio (como se não bastasse o estado em que os mesmos se encontram).
Por outro lado, com o suor da labuta e as lágrimas das perdas, feitos abelhas em colmeia, milhões de brasileiros continuam sintetizando um precioso líquido.
Sempre que penso nesse líquido penso na palavra dignidade. E não seria o STF a instância máxima da reserva moral de um país? O mais legítimo “guardador” desse sagrado manancial? Pois é, manancial, feito um rodopio, a palavra me traz de volta a imagem do líquido.
Sim! O líquido precioso, cuja fórmula básica inclui: dedicação diária e inexplicável de educadores, empreendedorismo de milhares de empresários, risco quase suicida de policiais...
Impossível esquecer as palavras do ministro Joaquim Barbosa:

"Esta é uma tarde triste para o Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos pífios,  foi reformada, foi jogada por terra, extirpada do mundo jurídico, uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada, que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2012".

Quase impossível será também esquecer as palavras do ministro barroso:

" Sou e penso, eu não temo ser criticado..."

Frase que me remete a outra, proferida pelo genial psicanalista francês Jacques Lacan:

"Sou onde não penso, penso onde não sou"

Com Lacan aprendi que "o inconsciente é estruturado como uma linguagem" (daí o cuidado que tenho com as palavras) . Já com o Supremo Tribunal nada aprendi... Mas creio não ser oportuno me aprofundar na dimensão simbólica que trazem os estudos do doutor Jacques Lacan.
Voltando aos ministros, Barbosa e barroso, noto que os nomes são parecidos, porém separados por um oceano de interpretações (ou intenções?).
Distraído nem percebi que o dia avançou, pois o segundo crepúsculo já se anuncia.
Pela janela que encima a escrivaninha, colho nos olhos as cores que ainda restam do dia, feito "laranjas" cuidadosamente postas no horizonte...
De um instante, trêmulas minhas mãos cobrem meus olhos já umedecidos...
Não, caríssimo Joaquim, não foi apenas o seu trabalho que foi jogado no lixo. Feito o segundo crepúsculo, que de mansinho nos leva a doce claridade do dia, com a absolvição dos réus também foi levado o trabalho de centenas de milhares de educadores. Educadores como eu, que súbito compreendeu que o esforço de toda uma vida nada valeu.
Agora, diante de tais circunstâncias, como convencer alunos de que o trabalho e a dignidade é o melhor caminho. Certamente a energia de um educador vem da vontade que ele tem de transmitir valores: valores que acredita e confia. Sinto que, a partir de tão equivocada absolvição, e de tudo que ela implica, nossas vozes se tornaram mais fracas, quase imperceptíveis.
De novo o sonho, os números e as palavras de Joaquim Barbosa...

Ação Penal 470: 6 votos a favor da absolvição e 5 contra;
Maioria feita sob medida.

Triste, como a tarde de Joaquim, antevejo mãos enlameadas (ou barrosas) distorcendo e sujando palavras: signos sagrados... Confusas, vindas não sei de onde, frases GRITAM em meus ouvidos:

DIAS obscuros.
ROSAS CARMINS, desfolhadas e murchas, jazem no rés do chão.
TEORIas que mais se parecem com gelatinas suspensas por elásticos.
Mar de BARRO LEWANDO tudo que plantamos... inclusive o sonho de construirmos um Brasil melhor.

É verão e estamos às vésperas do carnaval. Silenciosamente, na sala principal do Supremo Tribunal Federal, a enigmática fenda se abre (vórtice cujo pesadelo se tornou em mim peremptório). Evanescente, pela fenda o precioso líquido escoa.
A melancolia da tarde me traz um estranho sentimento: o desejo de abandonar o ofício de lecionar... Mas como arrancar esse dom que a infinita misericórdia de Deus carinhosamente colocou em mim? Como apagar tão bela e divina chama?

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